sexta-feira, 20 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

SEREI ?

Eduardo Nery


Sou a luz no querer
e a sombra no poder...
Sou a lâmina fria d'ardência
que desbrava a selva da existência;
a Primavera em flor
que espalha no ar mensagens de cor.
Sou bocas acordadas, loucas,
que de mudas se sentem roucas,
e as mãos de veludo e cetim
que acariciam flores mortas no jardim...
Sou os murmúrios brilhantes e afiados
que se desprendem de diamantes lapidados
e os tornados de desespero contido
que levantam silêncios no desconhecido...
Sou o Inverno frio e nevado,
que torna a terra pura e o céu acinzentado...
Sou a chama eterna da penumbra fugaz
que foge enraivecida à procura de paz...
Sou a Humanidade e o Minuto...



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terça-feira, 3 de maio de 2011

ADORMECIDOS




Aqueles que passaram
pela vida adormecidos
foram a desarmonia dos sentidos,
velas que se não desfraldaram
e ecos pela paisagem distorcidos.
Foram cavaleiros que não cavalgaram,
embaixadores do nada... adidos
e pérolas que não rolaram.
Foram espelhos não polidos,
florestas que se não desbravaram
e o silêncio dos ouvidos.
Foram sóis que não brilharam,
pedaços de vidros partidos
e incêndios que não deflagraram.
Aqueles que passaram
pela vida adormecidos
foram aves que não piaram,
Evangelhos sem serem lidos
e sementes que não germinaram...

Passaram adormecidos... 



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quinta-feira, 28 de abril de 2011

AFIRMAÇÃO




Alguém me perguntou

Quem és? Que fazes aqui?

E titubeante eu procurei,
alargando as asas da conversação,
retratar-me nas palavras que ninguém inventou...
e mostrar que, se estou aqui,
é somente porque ainda me não cansei.

É que eu ainda sou o Eu,
o Eu que quer a vida que é minha!  





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sábado, 23 de abril de 2011

MOVIMENTO





A chuva lavou as ruas...

Não consegui agarrá-la,

não me lavou a alma.

Assim estou... na rua lavada...



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quinta-feira, 14 de abril de 2011

EVASÃO





Eu moro onde ninguém morou.

Eu galgo os infinitos desmantelados

e o meu pensamento livre como o espaço

desliza na vastidão do sonho pardacento...

E nas cristas das ondas, que só meu veleiro rasgou,

eu escrevo gritos nos silêncios retalhados...

Enfrento tempestades de ignorância

com a vivência edificada na bonança...

Pinto a arrogante inconstância

com que meu frágil braço

dilacera a cegueira do nevoeiro lamacento...

E, só, nas cristas loucas em que meu espírito dança,

eu posso, enfim, morar onde jamais alguém morou...


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